Quais animais  existem no Cerrado

     O Cerrado caracteriza uma vegetação predominante em grande parte do território brasileiro. Já chegou a ocupar um quarto da área do país, cobrindo dez estados, mas hoje resta menos de 20% dessa totalidade.

A presença das três bacias hidrográficas, que são as maiores da América do Sul, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata, favorecem a biodiversidade da fauna e flora.

A partir desses dados, vamos restringir o foco de observação e análise na zoogeografia do Cerrado, ou seja, o potencial faunístico desse domínio fantástico.

A seguir veremos uma série de animais mamíferos que transitam nos variados subsistemas do Cerrado:


Anta (Tapirus terrestris)

Peso adulto entre 140 a 250 kg, locomove em todos os subsistemas do Cerrado, embora encontra-se com maior frequência em subsistemas de veredas e ambientes alagadiços e matas ciliares. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), esta espécie encontra-se vulnerável (VU,Vulnerable).

 

Ariranha (Pteronura brasiliensis)

Peso adulto de 20 kg, transita em mata ciliar. Segundo a IUCN, encontra-se em perigo (EM,Endangered).

 

Bugio-preto ou guariba (Alouatta caraya)

Peso adulto: 8 a 10 kg, apresenta-se no subsistema de mata ciliar. Segundo a IUCN, está em risco mínimo de extinção (LC, Least Concern).

 

Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)

Peso adulto: 8 kg, transita no subsistema de campo e cerrado. Segundo a IUCN, também está em risco mínimo de extinção.

 

Cangambám ou Jaratataca (Conepatus semistriatus)

Peso adulto: 1 kg, transita nos subsistemas de campo e cerrado. Risco mínimo de extinção.

 

Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)

Peso adulto: 60 a 70 kg, apresenta-se nos subsistemas de veredas e ambientes alagadiços e em matas ciliares. Risco mínimo de extinção.

 

Cervo (Blastocerus dichotomus)

Peso adulto: 100 kg, apresenta-se com maior frequência nos subsistemas de campo, veredas e ambientes alagadiços, mata e mata ciliar. Segundo a IUCN, vulnerável (VU, Vulnerable).

 

Cuíca (Philander opossum)

Peso adulto: 4 kg, transita em todos os subsistemas. Risco mínimo de extinção.

 

Gambá (Didelphis albiventris)

Peso adulto: 1 kg, transita nos subsistema cerradão e mata. Risco mínimo de extinção.

 


Gato-maracajá (Leopardus wiedii)

Peso adulto: 6 kg, transita na mata. Segundo a IUCN, é ume espécie quase ameaçada (NT, Near Threatened).

 

Gato-mourisco (Puma yagouaroundi)

Peso adulto: 10 kg, transita nas veredas e em ambientes alagadiços. Risco mínimo de extinção.

 

Gato-palheiro (Leopardus colocolo)

Peso adulto: 3 kg, transita no subsistema de cerrado. Espécie quase ameaçada (NT, Near Threatened).

 

Irara (Eira barbara)

Peso adulto: 8 kg, transita nos subsistemas de mata, mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Jaguatirica (Leopardus pardalis)

Peso adulto: 15 kg, apresenta-se no cerrado, cerradão, mata e mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

Peso adulto: 20 kg, transita nos subsistema de campo, cerrado e mata ciliar. Espécie quase ameaçada (NT, Near Threatened).

 

Lontra (Lontra longicaudis)

Peso adulto: 10 kg, transita na mata ciliar. Dados insuficientes relativos ao seu status de conservação (DD, Data Deficient).

 

Mão-pelada (Procyon cancrivorus)

Peso adulto: 15 kg, transita no subsistema de mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Onça pintada (Panthera onca)

Peso adulto: 80 a 100 kg, transita nos subsistemas de cerradão, mata e mata ciliar. Espécie quase ameaçada.

 

Ouriço-cacheiro (Coendou prehensilis)

Peso adulto: 6 a 8 kg, transita no cerradão, mata, mata ciliar, veredas e ambientes alagadiços. Risco mínimo de extinção.

 

Paca (Cuniculus paca)

Peso adulto: 6 a 8 kg, transita no subsistema de mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Porco-do-mato, ou queixada (Tayassu pecari)

Peso adulto: 35 a 40 kg, transita pelos subsistemas do cerrado, cerradão, mata e mata ciliar. Espécie quase ameaçada.

 

Quati (Nasua nasua)

Peso adulto: 5 kg, transita nos subsistemas de cerradão e mata. Risco mínimo de extinção.

 

Raposa-do-campo (Pseudalopex vetulus)

Peso adulto: 8 kg, transita no subsistema de campo. Risco mínimo de extinção.

 

Suçuarana (Puma concolor)

Peso adulto: 60 kg, apresenta-se nos subsistemas de campo, cerrado, cerradão, mata e mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla)

Peso adulto: 25 a 30 kg, transita em subsistema de campo e cerrado. Situação da espécie: vulnerável.

 

Tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla)

Peso adulto: 5 a 8 kg, transita em todos os subsistemas, mas apresenta-se com maior frequência no campo. Risco mínimo de extinção.

 

Tatu canastra (Priodontes maximus)

Peso adulto: 30 kg, é encontrado nos subsistemas de campo, cerrado, cerradão e mata ciliar. Situação da espécie: vulnerável.

 

Tatu peba (Euphractus sexcinctus)

Peso adulto: 3 a 4 kg, transita em campo e cerrado. Risco mínimo de extinção.

 

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus)

Peso adulto: 2 a 3 kg, transita nos subsistemas de campo e cerrado. Situação da espécie: vulnerável.

 

Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus)

Peso adulto: 6 a 8 kg, transita no subsistema de campo, cerrado, cerradão e mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Tatu-rabo-mole (Cabassous unicinctus)

Peso adulto: 3 kg, apresenta-se em subsistemas de campo e cerrado. Risco mínimo de extinção.

 

Veado catingueiro (Mazama gouazoubira)

Peso adulto: 20 kg, transita no subsistema do cerradão, mata e mata ciliar. Risco mínimo de extinção.

 

Veado campeiro (Ozotoceros bezoarticus)

Peso adulto: 40 a 60 kg, transita com maior frequência no subsistema de campo e cerrado. Espécie quase ameaçada de extinção.

 

Veado mateiro (Mazama americana)

Peso adulto: 25 a 30, transita no subsistema de cerradão, mata e mata ciliar. A IUCN não possui dados suficientes para avaliar seu status de conservação - (DD, Data Deficient).

 

Como anda o desmatamento do cerrado!

Por não apresentar a exuberância da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica, a qual estamos acostumados a ver e que "enche os nossos olhos", o Cerrado brasileiro veio sendo constantemente desprezado até a década de 60 como se fosse apenas um grande descampado com espargidas árvores retorcidas, no centro do país. Não despertava, por isso, a merecida atenção como área potencial para o desenvolvimento econômico e muito menos como um verdadeiro ecossistema, digno de preocupações conservacionistas. 
Nas últimas três décadas, este cenário começou a se alterar. Com a mudança da capital do País para Brasília, na década de 60, e a criação de técnicas de correção do solo ácido em conjunto com a introdução de novas espécies de gramíneas para alimentação do gado, na década de 70, houve um enorme desenvolvimento da região com a expansão rodoviária, populacional, imobiliária e agropecuária. Atualmente, 42% da soja e 32% do milho nacionais são produzidos no Cerrado, enquanto que 40% do rebanho bovino do país é criado por lá. 
Todo esse desenvolvimento e expansão provocou, como não poderia deixar de ser __ já que se assemelha muito à expansão das áreas urbanas, industrias e agropecuárias européias e norte-americanas nos séculos passados __, a degradação ambiental e a correspondente, porém tardia, inquietação dos ambientalistas. 
Um recente estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que, da área original de Cerrado __ correspondente a 22% do território nacional ou à soma de dez países da Europa __, apenas um terço permanece intacto. Outra terça parte foi degradada por pequenos agricultores e estradas e o restante está irremediavelmente perdido, coberto por cidades ou plantações. As regiões mais arrasadas estão no Estado de São Paulo, que já abrigou 10% do Cerrado e hoje conserva apenas 1%. 
Além do diagnóstico por satélite, o foco dos ambientalistas sobre o Cerrado originou estudos inéditos sobre sua biodiversidade. Por ser uma vegetação aberta, sempre se acreditou que o ecossistema da região não apresentasse espécies importantes. O resultado da pesquisa, no entanto, mostrou que a realidade é completamente diferente. O Cerrado é rico em diversidade animal e vegetal. O fato de ainda não conhecermos a totalidade de sua biodiversidade aumenta muito a importância de evitar a destruição desta região.


A BIODIVERSIDADE DO CERRADO

ANIMAL

Das 1.622 espécies de aves brasileiras, mais de 550 vivem no Cerrado. A região é habitada também por grande parte dos maiores, mais bonitos e também mais ameaçados mamíferos de nossa fauna, como a onça-pintada, a onça parda, o lobo guará, a lontra, a ariranha, o quati e o cervo pantaneiro. Apenas na região do Distrito Federal foram cadastradas mais de 1.000 espécies de borboletas, 30 de morcegos e 550 de abelhas.

VEGETAL

Além de flores exuberantes, onde despontam bromélias, orquídeas e plantas carnívoras, a região apresenta variedades silvestres de plantas cultivadas, como o caju, a mandioca, o abacaxi, o caqui, a goiaba, o amendoim e o guaraná. Todas essas variedades são fundamentais para os trabalhos de melhoria genética que permitem desenvolver tipos mais resistentes às pragas. Cerca de 80 plantas nativas, como o pequi, são usadas na alimentação. Algumas têm potencial para a produção de adoçantes. Vinte espécies de árvores produzem cortiça e alguns arbustos têm quantidade suficiente de tanino __ usado no curtimento de couro __ para ser comercialmente viáveis. Mais de 100 espécies possuem propriedades medicinais conhecidas.

Hoje, temos plena consciência e capacidade tecnológica para saber que sua superfície não precisa ser toda ocupada para gerar um excedente agrícola. Até porque, se, hipoteticamente, ocupassemos todas as terras com plantações, além de extingüir a fauna e a flora, haveria o risco de degradação do solo com sua conseqüente erosão. 
Segundo a Embrapa, usando apenas as técnicas modernas de manejo do solo, a área de 10 milhões de hectares atualmente ocupada pela agricultura no Cerrado, poderia, no mínimo, dobrar a produção e chegar a 60 milhões de toneladas de grãos por ano. 
É fundamental, para a sobrevivência dos animais e plantas, manter preservadas as áreas representativas da diversidade animal e vegetal, com a criação de mais Unidades de Conservação, como parques e reservas. Infelizmente, apenas 1,5% da área de Cerrado se encontra hoje protegida. É muito pouco, mesmo quando a comparamos com a média do território nacional, que é de 2,6% de área preservada, e, muito menos ainda, em comparação com a Amazônia, que tem 3,8% de sua área "teoricamente" preservada. 
Novos parques, aliados ao cumprimento do atual código florestal e à implementação do turismo ecológico consciente, com certeza ajudariam bastante na preservação da vida selvagem e do ecossistema do Cerrado. Por lei, os fazendeiros são obrigados a manter pelo menos 20% das propriedades como reserva e preservar a vegetação ao longo dos rios e cursos de água, além das encostas com mais de 45 graus de declividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Curiosidades

 

· O espaço ocupado pelo Cerrado equivale à soma das áreas da Espanha, França, Alemanha, Itália e Inglaterra.

· O número de insetos na região do Cerrado é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, 1000 espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.

· O Cerrado, diferentemente da Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, não recebeu da Constituição Federal o status de "Patrimônio Nacional", tornando a conservação de sua biodiversidade uma tarefa mais difícil.

· Cerca de 80% do carvão vegetal consumido no Brasil vem das árvores do Cerrado.

· O Cerrado é uma região peculiar: associa uma rica biodiversidade a uma aparência árida decorrente dos solos pobres e ácidos e de contar com apenas duas estações climáticas - seca e chuvosa.

· Apesar de ser um bioma pouco estudado, sabe-se que o Cerrado é uma das regiões de maior diversidade do planeta, com um grau de endemismo significativo.

· Das 837 espécies de aves registradas no Cerrado, 759 se reproduzem na região e o restante são aves migratórias.

· O Cerrado é considerado o “berço das águas”, ao abrigar as nascentes de importantes bacias hidrográficas da América do Sul: Platina, Amazônica e São Francisco.

· A ocupação do Cerrado iniciou-se no século XVIII com a mineração, que se desenvolveu num rápido ciclo de exploração intensiva.

Introdução

O bioma Cerrado representa 25% do território nacional, sendo encontrado em Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo, sendo o segundo maior bioma do país em área, apenas superado pela Floresta Amazônica.

A pobreza de nutrientes no solo, este de grande profundidade e rico em óxidos de alumínio e ferro, o clima e a ocorrência do fogo conferem formações vegetais características e, consequentemente, fauna característica, dando ao Cerrado um alto nível de endemismos.
Sua vegetação apresenta fisionomias que englobam formações florestais com espécies arbóreas, predominantemente, formações savânicas, com árvores e arbustos sob gramíneas e formações campestres, com predomínio de espécies herbáceas e algumas arbustivas.

Porém, infelizmente, apenas cerca de 20% da área do bioma ainda não se submeteu a perturbações humanas, principalmente quanto à ocupação e utilização exagerada e não sustentável das paisagens naturais. Quanto à fauna, queimadas, atropelamentos, caça indiscriminada, intoxicação por agrotóxicos são os principais fatores que a comprometem e, obviamente, não podem ser deixadas de fora as atividades agropecuárias e, relacionadas à elas, as queimadas e uso indiscriminado de agrotóxicos.